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Cefalometria é a ciência que estuda as dimensões das estruturas do crânio e da face. Ela refere-se a combinações de medidas angulares e lineares desenvolvidas para o traçado de radiografias laterais e frontais do complexo craniofacial. 

Já a análise cefalométrica é um grande instrumento para o diagnóstico de displasias dentoesqueletais, tanto para a Cirurgia Ortognática quanto na Ortodontia. As análises cefalométricas são utilizadas para fazer mensurações lineares ou angulares através de traçados cefalométricos para estudo das possíveis alterações ósseas e/ou dentárias, tendo sua maior aplicação na Ortodontia e na Cirurgia Ortognática.

Graças à digitalização dos exames e o rápido avanço tecnológico na área da saúde, hoje em dia essas análises podem ser feitas pelo computador, com o auxílio de um software para traçados cefalométricos. Saiba mais a seguir sobre como ocorreu essa evolução.

A evolução da cefalometria

O desenvolvimento da cefalometria foi fundamentado mediante à evolução da Craniometria, aplicada por antropologistas e anatomistas para medições de crânios secos. 

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Contribuição da Craniometria
Camper (1786) estabeleceu o plano que transpassa a base do nariz até o conduto auditivo externo, e em sua união com a linha que passa da glabela à borda alveolar da maxila à formação de ângulo – Plano de Camper e Ângulo de Camper. São utilizados em análises de características étnicas e evolutivas.

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Contribuição da Antropologia
Von Ihering (1872) determinou como plano de orientação da cabeça o plano traçado da porção superior do conduto auditivo externo à borda inferior da cavidade orbitária, aprovado no Congresso Internacional de Frankfurt (1884), sendo intitulado como plano de Frankfurt e considerado referência básica em algumas análises cefalométricas.

Antes da utilização de radiografias na Ortodontia

Antes das radiografias de crânio, os ortodontistas encontravam dificuldades em estabelecer diagnósticos e relacionar os dentes com as demais estruturas do complexo craniofacial. Os meios de diagnósticos disponíveis na época tentavam relacionar os dentes e as estruturas craniofaciais, dentre eles Cubus Craniophorus e Modelos de Gesso Articulados em Máscaras Faciais e o Método Gnatostático. 

Cubus Craniophorus e Modelos de Gesso Articulados em Máscaras Faciais
Em 1908, eram utilizadas máscaras faciais em gesso junto com modelos e fotografias como documentação ortodôntica. Em seguida, foi criado um modelo realista por Van Loon (1915), que estipulava que para um diagnóstico significativo no planejamento do tratamento, era necessário um sistema tridimensional para determinar a relação da dentição com o rosto. 

O método utilizado por Van Loon consistia na utilização de máscara facial no paciente, que continha anexado o modelo dentário em relação exata à face, e a cabeça sendo orientada na posição natural, utilizando o dispositivo “Cubus Craniophorus” (artefato utilizado por antropólogos para estudar o crânio, tendo como referência o plano de Frankfurt) e as medidas eram feitas por pontos calibrados de acordo com procedimentos utilizados por craniologistas. 

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Método Gnatostático
Simon (1922) eliminou o uso do “Cubus craniophorus”, simplificando a técnica de articularem os modelos de gesso às máscaras faciais, desenvolvendo o método gnatostático, utilizando um dispositivo semelhante a um arco facial com hastes calibradas para registrar o plano horizontal de Frankfurt. A dentição era registrada em modelos tridimensionais em relação aos planos: horizontal de Frankfurt, sagital mediano e orbital perpendicular ao plano horizontal.

Após a descoberta dos Raios-x em 1895 por Röntgen

  • Welcker (1984) recomendava radiografias da cabeça para estudar o perfil ósseo;
  • Berglind (1914) relacionava o perfil ósseo com o perfil tegumentar;
  • Pacini (1922) transferiu para a radiografia pontos craniométricos usados na antropologia e estudou o desenvolvimento, a classificação e os desvios da normalidade na estrutura do crânio;
  • McCowen (1923) descreveu uma técnica para tomada de radiografias laterais da face, visando a prática ortodôntica. Não era possível tomar radiografias seriadas na mesma posição (não existia o cefalostato, validade contestada da sequência de radiografias para o estudo do crescimento e desenvolvimento do crânio).


Desenvolvimento do cefalostato de Broadbent e Hofrath


Cefalostato é um dispositivo de posicionamento de cabeça, que garante a reprodutividade e padronização de radiografias cefalométricas. Em 1931, devido à falta de padronização das radiografias, Holly B. Broadbent nos Estados Unidos aperfeiçoou o craniostato desenvolvido por Tood (anatomista) em 1920. Na Alemanha, Hofrath H. publicou um artigo descrevendo a utilização do cefalostato de Korkhaus, no qual introduz modificações e relata sua técnica e análises cefalométricas utilizando o plano de Frankfurt.

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Evolução na era da informática 


Em 1965, Ricketts introduziu o traçado cefalométrico computadorizado Rocky Mountain, cujos registros e medições são executados por meio de um computador. Esta nova tecnologia ajudou a fornecer um grande número de informações, auxiliando ainda mais os ortodontistas a diagnosticar e planejar os seus casos clínicos.

Hoje, vivemos tempos de revoluções cibernéticas e tecnológicas. A Inteligência Artificial (IA), termo definido em 1956 por John McCarthy que descreve um mundo onde as máquinas seriam capazes de “resolver problemas’’ que, naquela época, seriam reservados apenas aos seres humanos. 

A previsão de McCarthy se tornou realidade e o advento da internet, com o mundo conectado e digitalizado, proporciona um perfeito ecossistema para que a IA se desenvolva e chegue inclusive à Odontologia, sendo uma realidade na radiologia odontológica.

Esta ferramenta já está disponível no software Cfaz.net, por exemplo, no qual com um simples clique é possível já encontrar uma boa previsão da localização dos pontos cefalométricos, auxiliando o trabalho do Radiologista. Além disso, a IA também está presente na identificação de imagens para montagem de templates, automatizando essa tarefa e poupando tempo de todos os profissionais da clínica.

A decisão final e avaliação sempre precisarão passar por um Radiologista que, com uma visão clínica e em posse de outras informações, pode analisar as imagens e assumir a responsabilidade de forma técnica e ética perante o diagnóstico apresentado.

As análises cefalométricas mais pedidas no Brasil


As análises mais pedidas no Brasil são USP, McNamara e Ricketts, responsáveis por 77,2% de todas as análises cefalométricas feitas no Brasil. Para realizar o levantamento foram utilizados dados de pedidos feitos na plataforma Cfaz.net de 2015 a 2020.

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Referências bibliográficas

  • FINLAY, L. M. Craniometry and cephalometric: a history prior to the advent of radiography. Angle Orthod, Appleton, v. 50, n. 4. 312-321, 1980.
  • RAVELI, D. B. et la. Ortodontia: análises cefalométricas mais usuais ao seu alcance. São Carlos: RiMa, 2007.
  • Vilella, Oswaldo de Vasconcellos, 1963
  • Manual de cefalometria, -3 ed 2009
  • Cambauva,Rui David Paro- ortodontia: Diagnóstico clínico e cefalométrico – 1.ed 2011
  • Ortodontia – Análises cefalométricas mais usadas ao seu alcance-Raveli, Dirceu Barnabé – 2007
  • Cefalometria Ortodôntica – Michel Langlade – 1 ed 1993 – traduzido por Dr. Miguel Neil Benvenga
  • Francisco Carlos Rehder Neto – Inteligência artificial e Odontologia 
  • Executivo de Marketing e Negócios – Publicado em 30 de setembro de 2019

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